quarta-feira, 2 de julho de 2008

A CULTURA QUE REGE A ARTE SEQUENCIAL

“A Cultura, o Homem e o Quadrinho”

No livro “Cultura: um conceito antropológico” de Roque de Barros Laraia, mostra as várias relações entre o meio social, o homem (agente genérico destas ações), e as origens supostas da construção da própria cultura.

Sua primeira abordagem teórica sobre a formação da cultura é que o homem já nasce inserido em um meio cultural, no qual ele apenas deve se adaptar ao mesmo. Querendo ou não já nascemos com um objetivo traçado em nossas vidas, seja ele no meio social onde teremos de aprender e apreender regras e normas para uma vida social, como nos comportar ou segurar um talher em um restaurante, e apenas sermos educados ao ponto de nos tornarmos hipócritas. E o autor nos relata que para sermos seres culturais basta nos deixarmos ou não pelo determinismo biológico ou geográfico da cultura. Pois na verdade isso acaba acontecendo, muitos se deixam levar por essas determinações culturais e acabam muitas das vezes deixando de ser que realmente é.

Para nós o que importa é o fato de estarmos inseridos neste meio cultural. E claro, como iremos adquirir esta cultura. O determinismo biológico age para o homem como sua necessidade de alimentação e banho age no corpo. Mas como?

O comportamento de um individuo depende do aprendizado, do processo que pode ser chamado de endoculturação. Que quer dizer o processo permanente de aprendizado de uma cultura que se inicia com assimilação de valores e experiências a partir do nascimento de um indivíduo e que se completa com a morte.

“Um menino e uma menina agem diferentemente não em função de seus hormônios, mas em decorrência de uma educação diferenciada”. (Roque de Barros Laraia, 2006, p.20).

Mas isso não justifica o fato de muitas pessoas acharem que cada povo existente no mundo seja diferente um do outro pelo simples histórico e determinista de culturas. A explicação para este fato caso não esteja entendendo é simples, muitos atribuem a capacidade do outro pela especificação de sua “raça”. Muitos acreditam que os negros são menos inteligentes quanto os nórdicos; ou que os judeus são avarentos e negociantes; ou que os alemães tenham capacidade maior para a tecnologia e mecânica do que os brasileiros, os quais muitos pensam ter apenas para o samba e futebol.

Assim, estas explicações surgem e especulações para muita das vezes mascararmos o que realmente pensamos.

A cultura nos quadrinhos também pode ser vista assim. Um quadrinho japonês, por exemplo, “sempre” com temáticas culturais próprias, samurais, fantasias hiperbólicas, e por ai segue. E sempre com os olhos avantajados e narizes perfeitos. Os americanos sempre com suas histórias patrióticas (sejam em quadrinhos, filmes, séries... o patriotismo está lá presente). E os brasileiros, quais são suas temáticas cotidianas? Sempre que pensamos em produção quadrinista no Brasil lembramos primeiro de quem? Qual o personagem mais famoso no nosso país? Quem é o vencedor? (...) deixo essa pra você leitor. A obviedade não faz parte deste projeto.

Assim poderia se falado também sobre o determinismo geográfico. Que fala sobre diferenças do ambiente físico, este acaba condicionando a diversidade cultural.

Povos que vivem em mesmas condições climáticas acabam tendo uma resolução de problemas ou apenas modos cotidianos totalmente diferentes. Os esquimós e os lapões vivem em mesmo clima, mas constroem suas moradias, de modo e necessidade diferentes. Os esquimós constroem suas casas (iglus) cortando blocos de gelo, formando assim uma espécie de colméia. Por dentro a casa e forrada com pele de animais e com o auxilio do fogo conseguem manter-se suficientemente quentes.

Já os lapões vivem em tendas de peles de rena. Quando desejam mudar de local para outro acampamento necessitam realizar trabalho árduo que inicia pelo desmonte de suas “casas” retirando o acumulo de gelo e deixando secar para um novo percurso e uma nova chegada, pode-se assim dizer.

Assim pessoas de culturas diferentes riem de coisas diversas.

Os próprios quadrinhos são vistos assim, cada continente possui um estilo, dialogo, argumentos, posições políticas... Diferente do outro. E cada visão de mundo é colocada neste. Cada história é distinta em sua essência. Cada artista seja ele de um país diferente, ou até da mesma rua, isso na verdade não importa cada um destes possuem visões diferentes. Em Belém existem ótimos quadrinistas que se agregam a várias temáticas distintas. Mesma posição geográfica, mas pensamentos filosóficos díspares.



CLEYSON OLIVEIRA

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