terça-feira, 8 de julho de 2008

ARCTIC MONKEYS... A MELHOR BANDA DO MUNDO




História

Após ganharem suas guitarras no natal de 2001, os vizinhos Alex Turner e Jamie Cook montaram uma banda com seus amigos da escola, Andy Nicholson, que tocava baixo, e Matt Helders, a quem sobrou ser o baterista.

Sob o nome Bang Bang, eles tocavam covers de bandas como Led Zeppelin e cantavam com sotaque estado-unidense. Após Alex assumir o vocal e a tarefa de escrever canções (ele na verdade já tinha algumas), eles mudaram o nome da banda para Arctic Monkeys.

Após alguns dos primeiros concertos, em 2003, eles começaram a gravar CDs demos e distribuí-los para o público. Como a oferta era limitada, os fãs copiaram as canções e as disponibilizaram pela Internet. Até um perfil da banda no sítio MySpace foi criado, tudo sem que os próprios membros estivessem cientes. Graças a essa divulgação viral pela grande rede, logo não apenas os amigos, mas centenas de pessoas cantavam todas as letras nos concertos.

Em 2004, sua popularidade chamou a atenção da BBC Radio One e da imprensa britânica. Mark Bull, um fotógrafo amador local filmou uma apresentação ao vivo e fez o videoclipe para "Fake Tales Of San Francisco", lançando-o no seu sítio, juntamente com a coletânea Beneath The Boardwalk.

Em maio de 2005 a banda lançou seu primeiro EP, Five Minutes with Arctic Monkeys, com apenas 1500 cópias em CD e 2000 em Vinyl de 7", mas também disponível na iTunes Music Store. Em junho assinaram contrato com a Domino Records e logo depois, tocaram no Carling Stage, palco dos festivais de Reading e Leeds reservado para bandas menos conhecidas.

Em outubro, o primeiro lançamento pela Domino, "I Bet You Look Good on the Dancefloor", foi direto para o primeiro lugar nas vendas de compactos do Reino Unido, com 38.962 cópias. No mesmo mês, estamparam sua primeira capa da revista New Musical Express.

O segundo compacto, "When The Sun Goes Down", saiu em 6 de janeiro de 2006 e vendeu 38.922 cópias, novamente alcançando o topo das vendas.


A banda em concerto, 8 de julho de 2007, no Roskilde Festival

Mesmo com o vazamento na Internet e o intenso compartilhamento de arquivos, o álbum de estréia Whatever People Say I Am, That's What I'm Not, lançado em 2006, alcançou cifras recordes de venda. As 120 mil cópias no Reino Unido só no primeiro dia ultrapassavam a soma de todos os outros álbuns do "top 20" do país nessa data, e a primeira semana foi fechada como 363.735 cópias.

Sem deixar a poeira baixar, em abril de 2006 lançaram um EP com cinco faixas, Who the Fuck Are Arctic Monkeys?. Apesar das altas vendas, o linguajar sujo das canções resultou em baixas execuções no rádio, o que não incomodou a banda. Logo após o lançamento do EP, a banda apresentou um novo baixista, Nick O'Malley. Incialmente, Nick apenas substituiria Andy na turnê pelos Estados Unidos, mas depois foi anunciado que ele tinha deixado a banda em definitivo.

Em agosto, lançaram "Leave Before The Lights Come On", o primeiro compacto a não alcançar o primeiro lugar de vendas. Pouco depois, o álbum Whatever People Say I Am, That's What I'm Not ganhou o Mercury Music Prize[3], deixando para trás álbuns como The Eraser de Thom Yorke, The Back Room dos Editors e Black Holes and Revelations dos Muse.

Em abril de 2007 lançaram o seu segundo álbum, Favourite Worst Nightmare, o qual no dia 29 do mesmo mês já apareceu na primeira posição nas paradas britânicas. Deste álbum surgiram três singles, Brianstorm, lançado em abril, Fluorescente Adolescent, em julho e Teddy Picker em dezembro, encerrando a turnê do álbum.


Curiosidades

  • Noel Gallagher, do Oasis, que tem fama de alfinetar diversas bandas da Inglaterra, andou defendendo o Arctic Monkeys. Segundo Noel, a banda merece todo o seu sucesso já que tem letras maravilhosas: "Os Monkeys são legais. Não são estúpidos como boa parte das bandas que estão aí. 'I Bet You Look Good on the Dancefloor' é um grande nome para uma música."
  • Alex Turner foi eleito pela publicação musical inglesa NME como 'o homem mais cool do planeta.
  • O Arctic Monkeys foi eleito por uma das revista mais respeitadas do mundo da música - a Q Magazine, como a "Melhor Banda da Atualidade", superando bandas de categoria como U2 e Foo Fighters.
  • Alex Turner tem um projeto paralelo, juntamente com Miles Kane, que se chama The Last Shadow Puppets.
  • O vocalista do Arctic Monkeys, Alex Turner, foi indicado a quatro prêmios Mojo, 1º de maio de 2008. Duas de suas indicações são com a banda mais conhecida e as outras com seu novo projeto, o The Last Shadow Puppets.


Membros

Formação atual

Alex Turner - guitarra e vocal
Jamie Cook -guitarra
Nick O'Malley -baixo
Matt Helders -bateria e vocal de apoio

Discografia

No dia 1º de julho, Jamie Cook, teria anunciado que o Arctic Monkeys vão começar a gravar o terceiro álbum ainda esse mês.

Álbuns

Whatever People Say I Am, That's What I'm Not, 23 de janeiro de 2006
Favourite Worst Nightmare, 23 de abril de 2007


Minha Opinião

Quando se ouve o ritmo e o estilo que a banda produz, sentimos de primeira instância a felicidade de ouvir uma banda de rock alternativo e totalmente independente com sons e batidas originais. Não como esses bandinhas novas que surgem e garagens e em beiras de estradas que só nos fazem sofrer os timpanos.
O Arctic Monkeys é uma banda inglesa que supre a necessidade dos Beatles. E eles nem tem essa pretenção de se igualar ou superar, eles são apenas e simplesmentes eles mesmos.
Não como o Oasis que quis ser mais uma banda de rock levada pelo sucesso dos Beatles. O Arctic MOnkeys pode até ser parecer com o cabelo meio "vaca lambeu", mas só e apenas só isso.
O som produzido pela banda pode nos fazer dançar ou simplesmente ficar contemplando. Baladinhas que vão desde um twister "amalucado" e mais agitado até uma romântica para casais.
Quando eu ouvi a primeira vez esse som que vem da alma, fiquei feliz por ter encontrado um pessoal que pode suprir minhas necessidades de som.
Entao fique com um adolescente florescente e tenha uma boa festa!!!


by CLEYSON OLIVEIRA

quarta-feira, 2 de julho de 2008

O ARRAIAL QUE É DO SOL... DE TODOS NÓS

No começo, uma brincadeira na Praça da República reunia os mais variados artistas.

O que deveria ser apenas uma brincadeira acabara virando uma grande roda de cantoria.

Cantadores e compositores, entre outros, tinham uma idéia, a de formar platéia e assim criar um espaço para divulgarem seus trabalhos. A principio, o boi era chamado “Pavulagem do Teu Coração”, somente a partir de 1987, passou a ser chamado de "Arraial do Pavulagem". A mudança se deu pelo fato de se ter uma visão mais ampla do contexto cultural podendo, assim trazer um universo de elementos populares para o Arraial e não se limitar somente à cultura do boi-bumbá.

O Arraial do Pavulagem dedica-se à pesquisa, à produção e à valorização da cultura popular de raiz feita na Amazônia, utilizando as linguagens, os ritmos, elementos simbólicos de folguedos, as danças e a religiosidade popular como base de referência para a difusão das tradições culturais, ao mesmo tempo em que dá continuidade ao seu processo criativo, procurando harmonizar o tradicional e o moderno buscando aprimorar sua linguagem musical e buscando o fortalecimento da identidade cultural paraense, oferecendo ao publico um trabalho criativo e original.

O Arraial realiza inúmeras atividades sócio-culturais direcionadas à comunidade tais como:

Peixe-boi

O Cordão do Peixe-Boi é um cortejo popular de cunho cultural, ambiental, ação educativa, artística e de mobilização sócio-ambiental que antecede os preparativos do Carnaval. E que sai pelas ruas do centro comercial e na Cidade Velha.

Os cordões de bichos são formas de carnavalização populares e a festa se realiza na rua com seus formatos coloridos, manifestações cênicas e musicais espontâneos.

A escolha do peixe-boi também é estratégica. O brinquedo de rua, confeccionado todo em armação de arame, ganhou uma roupagem que alia arte e reciclagem. O bicho estará revestido com retalhos.

O grande cortejo reunindo todos os integrantes das atividades, que mostrarão tudo o que aprenderam nas oficinas de ritmo e percussão, cantos populares, sopro em metais e confecção de objetos simbólicos.

Durante o cortejo, o peixe-boi é levantado pelos brincantes que fazem à festa descendo a escadinha do Cais do Porto (na Praça Pedro Teixeira), onde estará concentrados a média de quatro mil brincantes e o cortejo seguirá pelas ruas do Comércio, até a dispersão na Praça do Carmo.

O cortejo é formado pelo estandarte, pelas marujas, máscaras que vestem participantes, lembrando seres encantados da natureza, o Peixe-Boi (boneco confeccionado pela In Bust Teatro), o peixinho, o efeito de água, bichos da água, canoa de miriti com flores, canoa com frutas, rede de pesca e bandeiras coloridas.

O Cordão do Peixe-Boi é a primeira das atividades anuais do Instituto Arraial do Pavulagem que inclui ainda dois outros cortejos populares nos meses de Junho e Outubro.

Arrastão junino

No primeiro domingo de Junho sai um barco da Praça Princesa Isabel, no bairro do Condor (Belém), transportando o mastro de São João rumo à escadinha do cais na Praça Pedro Teixeira, seguindo até a Praça da República onde o mastro é fincando, permanecendo lá até o final da quadra junina, onde acontece a derrubada do mesmo.

O carimbó, o siriá e as toadas de boi deram o tom ao arrastão do mês, realizado pelo Arraial do Pavulagem, na Praça da República, para resgatar a essência da cultura paraense e festejar a quadra junina. Mais de três mil pessoas, entre participantes e brincantes, aderiram ao cortejo, que tomou conta da Avenida Presidente Vargas desde a escadinha da Estação das Docas. A grande apoteose do arrastão aconteceu com a cerimônia dos mastros de São João e show do Arraial do Pavulagem, no anfiteatro da praça.

Santos da época, cavalinhos e os tradicionais “cabeções”, além de adereços relativos à festa junina e às bandeiras fazem parte dos grupos do arrastão, valorizando os ritmos da terra e a cultura amazônica.

Arrastão do Círio

Em outubro acontece às vésperas do Círio de Nazaré* percorrendo o centro histórico de Belém, logo após a chegada da romaria fluvial. O tradicional cortejo que o Arraial do Pavulagem faz na véspera do Círio de Nazaré, em homenagem à padroeira dos paraenses. Quando a imagem da Santa chegar à Escadinha do Cais, após a romaria fluvial, os brincantes e os músicos Batalhão da Estrela farão soar o hino “Vós Sois o lírio mimoso” de suas barricas, e começa o trajeto até a Praça do Carmo.

O cortejo sai da Pça dos Estivadores rumo a Pça do Carmo, encerrando com um show cultural. Na praça, haverá o encerramento do cortejo com um show da banda Arraial do Pavulagem, que traz para a rua um repertório de boi, carimbó, mazurca, xote marajoara, retumbão e as músicas dos cortejos populares. O Largo do Carmo também foi escolhido para ser o local do término do Arrastão do Círio, porque tem uma relação muito forte com a festa religiosa. É lá que, tradicionalmente, os romeiros de Abaetetuba expõem os brinquedos de miriti numa grande feira de produtos.

Roda de boi

É o encontro para a diversão e mobilização de todas as pessoas interessadas em conhecer e participar dos trabalhos do Arraial do Pavulagem e para divulgar o ritmo da região através do boi-bumbá, carimbó, lundu, retumbão, xote e outros.


A CULTURA QUE REGE A ARTE SEQUENCIAL

“A Cultura, o Homem e o Quadrinho”

No livro “Cultura: um conceito antropológico” de Roque de Barros Laraia, mostra as várias relações entre o meio social, o homem (agente genérico destas ações), e as origens supostas da construção da própria cultura.

Sua primeira abordagem teórica sobre a formação da cultura é que o homem já nasce inserido em um meio cultural, no qual ele apenas deve se adaptar ao mesmo. Querendo ou não já nascemos com um objetivo traçado em nossas vidas, seja ele no meio social onde teremos de aprender e apreender regras e normas para uma vida social, como nos comportar ou segurar um talher em um restaurante, e apenas sermos educados ao ponto de nos tornarmos hipócritas. E o autor nos relata que para sermos seres culturais basta nos deixarmos ou não pelo determinismo biológico ou geográfico da cultura. Pois na verdade isso acaba acontecendo, muitos se deixam levar por essas determinações culturais e acabam muitas das vezes deixando de ser que realmente é.

Para nós o que importa é o fato de estarmos inseridos neste meio cultural. E claro, como iremos adquirir esta cultura. O determinismo biológico age para o homem como sua necessidade de alimentação e banho age no corpo. Mas como?

O comportamento de um individuo depende do aprendizado, do processo que pode ser chamado de endoculturação. Que quer dizer o processo permanente de aprendizado de uma cultura que se inicia com assimilação de valores e experiências a partir do nascimento de um indivíduo e que se completa com a morte.

“Um menino e uma menina agem diferentemente não em função de seus hormônios, mas em decorrência de uma educação diferenciada”. (Roque de Barros Laraia, 2006, p.20).

Mas isso não justifica o fato de muitas pessoas acharem que cada povo existente no mundo seja diferente um do outro pelo simples histórico e determinista de culturas. A explicação para este fato caso não esteja entendendo é simples, muitos atribuem a capacidade do outro pela especificação de sua “raça”. Muitos acreditam que os negros são menos inteligentes quanto os nórdicos; ou que os judeus são avarentos e negociantes; ou que os alemães tenham capacidade maior para a tecnologia e mecânica do que os brasileiros, os quais muitos pensam ter apenas para o samba e futebol.

Assim, estas explicações surgem e especulações para muita das vezes mascararmos o que realmente pensamos.

A cultura nos quadrinhos também pode ser vista assim. Um quadrinho japonês, por exemplo, “sempre” com temáticas culturais próprias, samurais, fantasias hiperbólicas, e por ai segue. E sempre com os olhos avantajados e narizes perfeitos. Os americanos sempre com suas histórias patrióticas (sejam em quadrinhos, filmes, séries... o patriotismo está lá presente). E os brasileiros, quais são suas temáticas cotidianas? Sempre que pensamos em produção quadrinista no Brasil lembramos primeiro de quem? Qual o personagem mais famoso no nosso país? Quem é o vencedor? (...) deixo essa pra você leitor. A obviedade não faz parte deste projeto.

Assim poderia se falado também sobre o determinismo geográfico. Que fala sobre diferenças do ambiente físico, este acaba condicionando a diversidade cultural.

Povos que vivem em mesmas condições climáticas acabam tendo uma resolução de problemas ou apenas modos cotidianos totalmente diferentes. Os esquimós e os lapões vivem em mesmo clima, mas constroem suas moradias, de modo e necessidade diferentes. Os esquimós constroem suas casas (iglus) cortando blocos de gelo, formando assim uma espécie de colméia. Por dentro a casa e forrada com pele de animais e com o auxilio do fogo conseguem manter-se suficientemente quentes.

Já os lapões vivem em tendas de peles de rena. Quando desejam mudar de local para outro acampamento necessitam realizar trabalho árduo que inicia pelo desmonte de suas “casas” retirando o acumulo de gelo e deixando secar para um novo percurso e uma nova chegada, pode-se assim dizer.

Assim pessoas de culturas diferentes riem de coisas diversas.

Os próprios quadrinhos são vistos assim, cada continente possui um estilo, dialogo, argumentos, posições políticas... Diferente do outro. E cada visão de mundo é colocada neste. Cada história é distinta em sua essência. Cada artista seja ele de um país diferente, ou até da mesma rua, isso na verdade não importa cada um destes possuem visões diferentes. Em Belém existem ótimos quadrinistas que se agregam a várias temáticas distintas. Mesma posição geográfica, mas pensamentos filosóficos díspares.



CLEYSON OLIVEIRA

A RELAÇÃO ENTRE OS QUADRINHOS E O COTIDIANO


“Uma análise sobre o quadrinho e o cotidiano”

“Ainda que relegados a uma condição minoritária, os quadrinhos oferecem um inestimável portal através do qual podemos ver nosso mundo. Hoje a imagem animada - tanto pelo cinema como pela tevê - constitui parte do leão de tais portais. Os quadrinhos, como outras formas minoritárias, são vitais para diversificar nossas percepções de mundo." (Scott Mc Cloud).

As histórias em quadrinhos, durante muito tempo, foram compreendidas mentalmente por uma maioria, como sub-literatura direcionada ao público infantil.

As histórias em quadrinhos eram acusadas de desestimular a leitura (as crianças ficariam preguiçosas ao lerem gibis) e a criatividade (uma vez que já traziam o desenho das cenas, deixando pouco para a imaginação do leitor). Além disso, segundo o livro “Sedução dos Inocentes”, de Fredrick Werthan, publicado nos EUA no início dos anos cinqüenta, os gibis seriam responsáveis pela delinqüência juvenil.

Para os mais radicais e geniosos, causava danos, interferindo na formação da criança e na constituição de um adulto mais capaz, como se esse fator de diversão e aprendizado poderia transformar, ou melhor, dizendo diminuir a capacidade de criação, pensamento, ou até criatividade deste futuro adulto. Apesar de tais processos pelo qual, de ação recíproca e de um juízo comum estabelecido sobre uma parábola que essas histórias podiam gerar aos jovens, desde sempre houve aquelas produzidas para um público adulto: não pelo conteúdo ou pela história, mas pelo formato que adotavam linguagens e temporalidades mais refinadas.

Entretanto os quadrinhos tinham, de fato, genericamente, uma atitude mais infantil. Seus personagens eram burlescos, muitas vezes animais com características humanas.

Tais provimentos se radicam e diversificam na década de 60, com a advento da contra-cultura. Assim surgem personagens mais compassivos e fidedignos, no sentido de açambarcar os fatos da época, como intuito de aproximação maior ao seu público. O homem comum, o personagem que vive à margem da sociedade, passa a ser o grande personagem.

Will Eisner foi um dos maiores cooperadores para que os quadrinhos passassem a ter uma maior respeitabilidade e abandonassem aquela visão em detrimento aos discursos apocalípticos, como baixa-cultura. Suas colaborações no aspecto da linguagem eram visíveis nas tiras de "The Spirit" publicadas nos jornais, ainda na década de 40, e que lhe valeram a comparação com Orson Welles. Outro fator importante foi à criação de um formato de história longa, com tempo e espaço para o desenvolvimento de uma narrativa mais elaborada e consistente. "Contrato com Deus", datado na década de 70, inaugurou o termo graphic novel, ou o "álbum", tornando possível a aproximação maior dos quadrinhos do romance e da literatura, com um diferencial, de se utilizarem também dos desenhos como recurso narrativo criativo e indispensável. Se o quadrinho agora tinha um formato que lhe possibilitava um desenvolvimento e variedade maior nos seus aspectos narrativos, o termo a seguir, também elaborado pelo próprio Eisner, foi arte-seqüencial.

Se a arte seqüencial trabalha com tal interação entre literatura e artes plásticas e se sempre o quadrinho, como toda a mídia de massa, recebeu influência de outras mídias, seja em seu conteúdo e em sua forma, é mais do que natural que o quadrinho se hibridizasse com outras modalidades narrativas da modernidade. Assim transforma-se, inova e viabiliza produtos e leituras diferenciadas, exercendo também influência sobre as mídias de origem. É nesse momento que se percebe a aproximação entre quadrinhos e o discurso jornalístico, criando um tipo muito específico de produto: a arte seqüencial documental.

A possibilidade de percepção e apreensão total da imagem, nos quadrinhos, portanto, é muito maior do que é no cinema. “Uma correspondência a essa noção da importância dos elementos constitutivos da imagem já era apresentada por Eisenstein, no cinema, que já entendia que a menor parte do filme não era o plano, mas sim a atração: subsídios internos ao plano que ajudavam a dar sentido à imagem”.

A cultura e experiência do indivíduo são fundamentais no processo de reconhecimento da imagem, mas ainda não são suficientes para possibilitar uma leitura absoluta do que se está vendo. Reconhecer os elementos da imagem não significa compreendê-la em sua totalidade.

"O Contrato com Deus", de Will Eisner, foi um dos álbuns que inaugurou o quadrinho de testemunho. Na verdade eram histórias inspiradas na vivência pessoal do autor. De lá para cá vários autores têm aprofundado essa relação, alguns que anteriormente faziam relatos autobiográficos ou que transmitiam a experiência vivida em determinado contexto e outros que trabalhavam de forma jornalística, indo ao local do evento e investigando como um repórter.

A arte seqüencial se adéqua a tal narrativa de conflito, desde o momento em que o desenhista presta atenção em cada detalhe do que estaria em sua visão periférica e o retrata, através de seu desenho, com uma definição superior a da fotografia. Até a própria forma de construção do discurso. Isso fica claro, por exemplo, nas entrelinhas das declarações que Sacco dá a respeito de sua metodologia de trabalho, que se mostra sempre preocupado em estabelecer percursos e fugir de mapeamentos.

É evidente que esse gênero de quadrinhos não se tornará hegemônico ou, ao menos, será de tão grande difusão. Ainda constitui-se, pelos poucos autores que o fazem, em um quadrinho de exceção. Mas a proliferação recente, cada vez maior, desse tipo de narrativas, faz crer que a tendência é do quadrinho jornalístico se expandir. É importante, portanto, que se preste mais atenção em suas possibilidades, na sua força narrativa. Entender seu funcionamento, valorizar sua experiência e entender o meio como um poderoso instrumento de comunicação e como um, talvez revolucionário, meio jornalístico.



CLEYSON OLIVEIRA